DHUZATI ANTIESPECISTA


Coronavírus, exploração animal,
sorofobia e prática de cuidados.






Este é um momento de cuidado, atenção, cautela e responsabilidade, talvez o maior que a humanidade tenha passado nas últimas décadas, quiçá séculos. Quando focamos nesta perspectiva, evitamos o alarmismo, o pânico, a paranoia e os preconceitos para atuar de forma que não só ajude a nós mesmas e nossas famílias, como também a nossa comunidade. Estamos preocupadas com algumas destas comunidades, – população negra, indígena, periférica e em situação de rua, além dos enfermos e lgbts dessas categorias – a primeira mulher vítima do vírus foi uma empregada doméstica e a realidade do abastecimento de água e a cultura alimentar industrializada nas periferias brasileiras é preocupante. Infelizmente o cuidado com o corpo e com o ambiente também perpassa as condições estruturais de privilégio. Sai na frente quem tem esta premissa como hábito cotidiano, contudo, é sempre tempo de reavaliar e praticar novos hábitos, bem como dar visibilidade a práticas simples, caseiras e tradicionais que ajudam a manter nossa resistência física.


Por sua vez, os negacionistas da pandemia, reduzem os riscos que os mais vulneráveis estão a mercê e insistem em estimular e influenciar politicamente para que os homens brancos – governos e os patrões – mantenham a normalidade para continuar a exploração dos precarizados, que por sinal, não conseguem ser explorados se não estiverem em condições saudáveis, eis a cega contradição gananciosa do sistema? Não! Da mesma forma que os rios, os bichos e os biomas são descartáveis, os trabalhadores também o são e quando se tornarem escassos ou problemáticos, serão substituídos por outra tecnologia. Quando falamos sobre o número de mortes não falamos sobre estatísticas, mas sobre vidas, e estas não perdem seu valor ao serem comparadas com a população absoluta de um país ou uma região, porque estatísticas pouco importa nesta análise, mas sim a capacidade de propagação, letalidade e os riscos que os mais vulneráveis estão expostos, diante de um colapso do sistema de saúde. Precisamos reagir diante desta ameaça e exigir que a conta do isolamento seja paga pelas grandes fortunas, pela redistribuição dos patrimônios, pelas anistias das faturas e pelo lucro líquido milionário das grandes corporações, afinal esta oportunidade nós é única! Roberto Justos, Edir Macedo, Junior Durski e outros homens brancos, empresários e cisheterossexuais, que acreditam que as pessoas devem ter mais medo de perder o emprego do que com a saúde, devem ser coagidos para a redistribuição de suas riquezas, afinal a perspectiva que deve imperar é a da saúde pública e não da economia capitalista.


"A pandemia não vai passar nas próximas semanas. Mesmo se medidas rígidas de confinamento tiverem êxito em reduzir o número de infecções para os índices de um mês atrás, o vírus pode voltar a se disseminar exponencialmente assim que as medidas forem suspensas."

Sobrevivendo ao Vírus: Um Guia Anarquista Capitalismo em Crise — Totalitarismo Crescente — Estratégias de Resistência
 

Os coronavírus são um grupo viral conhecido desde meados dos anos 1960. Muitas pessoas já se infectaram com os outros coronavírus ao longo da vida, eles são uma causa comum de infecções respiratórias brandas, moderadas de curta duração e algumas graves, podendo ser letal. O causador da doença COVID-19 é o SARS-CoV-2, sétimo vírus identificado da família coronavírus, antes dele, surgiram MERS-CoV (síndrome respiratória do Oriente Médio), SARS-CoV (síndrome aguda respiratória severa), HCoV-229E, HCoV-OC43, HCoV-HKU1 e HCoV-NL63. Ainda sem conclusões definitivas, há uma hipótese significativamente apoiada na comunidade científica que associa os coronavírus à exploração animal, uma vez que há características similares em vírus presentes em morcegos, pangolins, cobras, camelos e bovinos. Nosso entendimento é que os coronavírus humanos evoluíram de outros animais, sobretudo a partir do consumo alimentar de animais silvestres. Esta contextualização é importante para desencorajar neste momento a associação da doença à teorias da conspiração tanto de esquerda, quanto de direita. Kristian Andersen, professor associado de imunologia e microbiologia do Scripps Research da Califórnia - EUA, afirma que “ao comparar os dados disponíveis de sequenciamento de genoma das cadeias do vírus, podemos determinar com firmeza que o SARS-CoV-2 foi originado a partir de processos naturais”, ou seja, o cientista recomenda a rejeição da hipótese de que o vírus foi manipulado em laboratórios como estratégia de sabotagem econômica, que predominam tanto em setores do Governo Federal, quanto nas alas de uma esquerda sectária e alienada, embora reconhecemos que há uma manipulação ideológica para uso político da pandemia.


A ativista Linga Acácio nos alerta para práticas SOROFÓBICAS, isto é, práticas preconceituosas e estigmatizadoras em relação a pessoas de condição sorológica positiva. Ao localizar o vírus como “uma instância não humana usada pelos humanos para expandir processos de extermínio” ela resgata a transmissão de agentes patógenos durante as invasões coloniais "usados como ferramenta bioterrorista que enfraqueceu as resistências de povos originários, facilitando a entrada dos invasores”, além do HIV que também foi utilizado para o aniquilamento e de corpos sexodissidentes, pretos e africanos. Assim, ela problematiza, nestes tempos de ameaça fascista, como opera a ideologização dos vírus para perpetuar controles de caráter violento, seletivo, hierarquizante e esconder os privilégios de quem determina o modo ideológico de como serão realizadas as práticas para lidar com os vírus, bem como as narrativas dominantes que permitirão entendê-los. Linga fala em acolher o medo para que possamos tratá-lo em vez de repelir com a ansiedade e pavor característicos dos processos de pânico. É nesta pegada que acabamos entendendo esta doença e por isso compartilhamos algumas práticas de cuidado através da alimentação, que tem sido uma das formas preventivas eficazes contra o projeto genocida e ecocida desenvolvido pela supremacia branca. Tendo em vista que alguns casos de contaminação são assintomáticos, acreditamos que os cuidados com o corpo através do fortalecimento da imunidade são armas poderosas e protetoras.


A alimentação viva, nos trouxe como ensinamento que os alimentos crus têm potência regenerativa e algumas de suas propriedades são melhores absorvidas pelo nosso organismo do que os alimentos cozidos. Nessa pegada, sugerimos para melhor prevenção um foco maior de alimentos crus, na sua forma in natura, você pode inovar ralando ou processando no liquidificador. Importante lembrar que as sugestões daqui não atentam as condições específicas de pessoas com diabetes, pressão alta ou outras enfermidades, não somos médicas, apenas, como pessoas que raramente adoecem e gozam do privilegio de não terem doença preexistente ou genética, estamos compartilhamos cuidados que temos com nossa saúde.


1) Coma muito alho, antibacteriano, antiviral e antifunginco; gengibre anti-inflamatório, além de raiz de cúrcuma ralada em saladas ou sucos. Você pode ralar um dente de alho, um pedaço de gengibre + uma raiz de cúrcuma, numa vinagrete, no guacamole, ou no arroz já cozido (é importante não estar quente). Você também pode defumar pimentões ou berinjelas ou quando fazer qualquer refogado, ralar um (ou mais) dente de alho pra finalizar a receita, é um ótimo acompanhamento para comer com pão, cuscuz, angu e etc.


2) Coma muitas frutas, acerola, manga, limão, laranja, abacaxi, maracujá, banana e mamão, são frutas comumente fáceis de encontrar para reciclar ou comprar nas mais distintas feiras e sacolões em todo território nacional. Se puder combine mais de uma fruta para fazer sucos, tome cerca de três vezes ao dia, em jejum são maravilhosos. o Suco de inhame também é um excelente potencializador do sistema imunológico, ideal tomar em jejum.


3) Saladas, você pode temperar tomate, cebola, cenoura, beterraba, com alho ou gengibre ralado + limão e sal, vinagretes também podem ter frutas como melão, abacaxi, carambola e maçã


4) Abuse das sopas, deixe para colocar temperos verdes como coentro, cebolinho e salsa, bem como alho e gengibre ralados depois da sopa pronta, pimenta do reino, usada no rapé, também vai bem. Você pode também deixar uma xícara de qualquer leguminosa de molho, passar no liquidificador com uma xícara e meia de água, uma cebola, alho e gengibre a vontade e adicionar na sopa para transformá-la em um saboroso creme de legumes.


5) Quiabo, essa riqueza africana tem potência fitoterápica impressionante, também pode usar e abusar. Água de quiabo é algo que vai ajudar teu sangue e teu sistema de defesa.


6) Você pode fazer tinturas de ervas frescas ou secas (mastruz, alfavaca, cidreira, poejo, tanssagem, funcho, erva doce, assa-peixe) maceradas por 15 dias em álcool 70 ou cachaça, o cálculo de gotas é dividir seu peso pela quantidade de vezes que pretende tomar, se for duas vezes, você toma metade de manhã e metade a noite


Os conhecimentos ancestrais e a alimentação, melhor do que qualquer premissa da indústria farmacêutica, podem nos ajudar a enfrentar este momento e, acima de tudo, atuar na preservação de uma cultura de cuidado fincada em métodos e técnicas populares, acessíveis e preventivas. Criar um registro de sobrevivência através de práticas simples e tradicionais e nos conecta com autonomia de decidirmos os caminhos e disputarmos as narrativas sobre os que nos aflige.






"De perspectiva anticivilizatória visamos o combate ao cistema heterossexista da supremacia branca através da emancipação alimentar, da autonomia e da relação de cuidado entre humanos e não humanos, investigando e experimentando fazeres inspiradas em cosmologias ameaçadas pela colonização e expansão humanista para contribuir com a emergência de uma outra vivência que enfraqueça as influências do capitalismo em nossas existências."



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